Despedida
de Pelé
Por: Alessandro Caldeira
Eu
não sei se estou escrevendo fragmentos ou continuações dos meus textos, que
mais parecem uma tentativa débil de fotografar os sentimentos dos torcedores.
Perdoe
se, caso alguém chegar a ler os textos anteriores e não souberem por onde
começar, em um determinado momento.
Talvez
esteja com alguma ânsia amarga e exacerbada pelos comportamentos de cada
torcida e, por isso, assalta-me ao peito essa vontade de escrever sobre as
angústias de quem participa do jogo.
Considerando
que não se exclui de ninguém sua participação: técnico, jogador e torcedor.
Sim, o sofrimento, seja de alegria pela vitória que temos o conhecimento de que
nem sempre estará em nossa companhia ou de tristeza quando nos depararmos com a
sua limitação, pertence a todos nós.
Porém,
reside, exclusivamente ao torcedor essa tarefa árdua de compreender tão exato
sentimento. Tão cuidadoso e, por vezes, dolorosamente amável com o seu ente
divino.
O
técnico, em contrapartida, não consegue distinguir tais emoções porque é
escravo da modernidade, se colocando como um intermediário de alguma revolução
tática. É um pobre coitado que não sabe assimilar que ser eterno é mais
importante.
O
técnico é um ser verborrágico por natureza, enquanto o jogador é o único capaz
de ser infindável.
Em
meio a esse triangulo conflituoso, o torcedor ainda é o que melhor entende tão
intenso destino e tenta aplicar um fim na trágica e eminente extinção do seu
craque.
A
todo momento, o torcedor convive com a ameaça do fim do ser humano e é preciso
que algum grito se estabeleça para o seu jogador manter-se imortal como a um
santo.
O
que existe, porém, entre a relação torcedor, jogador e técnico é o choque
violento que o atleta escolhe viver, deixando de lado a anestesia do admirador
nas arquibancadas e do modernista à beira do campo.
Talvez,
entre o nosso romantismo de transformar o gênio do gramado em uma espécie
divina, há o desejo do mesmo de ser humanizado para atingir a eternidade.
Revelando,
assim, um caráter de escolha quando muda, rapidamente, de direção com a bola
nos pés, e não que algum poder celestial tenha o feito capaz, afastando-o de
qualquer responsabilidade.
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