Liverpool Como Sísifo

 Por Alessandro Caldeira

...diante de toda a situação querem nos convencer de que o título não deve ser reconhecido e transformam o campeonato numa pedra para o Liverpool, como Sísifo teve de carregar pela eternidade só porque venceu todos os “deuses” que ousaram se opor em seu caminho.

A

migos, hoje li uma notícia em uma dessas redes sociais sobre a decisão da UEFA em não reconhecer o título do Liverpool na Premier League caso a competição seja, de fato, cancelada.

Eu não sei vocês, mas isso me deixa com um certo receio sobre a questão de justiça que esteja sendo feita dentro da competição.

Eu não quero, aqui, me opor à decisão da paralisação por uma causa maior que o futebol, até porque, temos sempre de reconhecer que se o futebol se confunde com a vida, quem vive, quem presencia e quem usufrui do esporte estará condenado a todos os maldizeres que afetam nosso cotidiano.

A discussão que proponho nessa crônica é outra, meus caros: o que faz ser justo o não reconhecimento do título do time de Londres? O maior argumento dos que sustentam a ideia é de que ainda faltam nove rodadas e, eles, como se não soubessem do óbvio, relutam e dizem que tudo poderia mudar nas próximas rodadas.

Meus amigos, eu pergunto a vocês: qual o sentido de acreditar que tudo mudaria em nove rodadas em um time que já venceu todos os seus adversários e, faltando, apenas, seis pontos para consolidar-se campeão?

O futebol é imprevisível e devo esclarecer que sou a favor desse fato, porém, nenhum adversário soube parar os reds quando podiam sonhar com algum triunfo no campeonato.

Diante de todos os adversários, aos mais humildes e até aos seus maiores rivais o Liverpool foi capaz de espetar cada um deles com seu tridente, denominados de: Salah, Firmino e Mané, sem nenhum tipo de escrúpulo.

Agora, diante de toda a situação querem nos convencer de que o título não deve ser reconhecido e transformam o campeonato numa pedra para o Liverpool como Sísifo teve de carregar pela eternidade só porque venceu todos os “deuses” que ousaram se opor em seu caminho.

Por isso, pergunto: até que ponto a defesa dos rivais quanto a essa decisão é justiça ou ressentimento? Afinal, não é um incômodo saber que passou o ano todo atrás, tentando alcançar seu rival e a cada passo ter que enxerga-lo distante?

No entanto, veem algum tipo de redenção se o título não estiver indo para ninguém, uma vez que percebem a chance de reverter essa conjuntura.

Mas digo-lhes que essa redenção seria débil, pois o Liverpool ganhou a Premier League desde quando o primeiro turno foi encerrado.

A verdade, meus amigos, é que mesmo se a temporada for encerrada sem o título, o Liverpool voltaria vencedor, pois nada poderia ser mais acachapante, mais humilhante e destruidor para seus rivais do que a consciência vergonhosa de saber que, nesse mesmo campeonato, nessa mesma temporada já foi derrotado naturalmente sem nenhuma interferência.