Foto: Jesualdo Ferreira
Por:
Alessandro Caldeira
"Intensidade
não e somente correr, intensidade é fazer rápidas variações táticas e fazer a
bola correr. sabe por quê? A bola não cansa".
E
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m todo espírito de torcedor brasileiro existe
um quê de treinador de futebol. É algo compreensível para um povo que se
acostumou a ter as suas vidas moldadas por esse esporte.
Nada mais prazeroso para toda pessoa que busca
ser mais social do que se vangloriar de como sua equipe se comportou em campo e
o que é preciso melhorar ou o que foi agradável aos seus olhos. O brasileiro se
estabelece na vida como um jogador se estabelece no campo: é preciso ser
apreciado.
Há aqueles jogadores que entram em campo como
se estivessem para morrer, longe dos olhos de quem o aprecia é difícil de se
enxergar em jogo, é uma luta constante pela sobrevivência onde não ser notado é
um abismo.
É claro que existem jogadores onde se sentem
confortáveis diante de tais situações, porém, esses são os jogadores que os
olhos não atraem a nenhum tipo de torcedor que queira se refugiar da realidade.
É mentira aquele insistente mantra impetuoso e cheio de mania que vivem
repetindo: tal jogador não aparece muito para a torcida, mas é muito
importante.
O que eu digo é que nenhum jogador digno gosta
desse status: o de carregar o talento dos outros nas costas, todo atleta é
protagonista de seu jogo. Veja bem, é concebível para Zito dizer que ele era
simplesmente um jogador importante só por causa do setor que ocupava em campo?
E para Dunga, que é o maior exemplo de tal falácia na Copa de 94?
Exemplo mais recente como de Firmino pelo
Liverpool, que só alcançou a glória quando a equipe londrina se afirmou
vencendo a Champions e, assim, não sendo o jogador que “não aparece para a
torcida, mas é importante”. Eis a verdade: a torcida é o deus dos jogadores
querendo castiga-los.
Dito isso, pego como exemplo, agora, os jogadores
do Santos que se sentiam apequenados a cada jogo este ano porque tiveram que
conter o ímpeto que foi construído em seus espíritos com a chegada de Sampaoli
e a sua ânsia por ser protagonista.
A verdade é que os jogadores tomaram gosto por
não serem apenas “importantes”, é preciso aparecer e transcender diante de cada
adversário e, principalmente, da torcida (as maiores testemunhas para
comprovarem que a vida de cada um deles não foi medíocre).
É por isso que Jesualdo Ferreira foi mártir
para a torcida: diminuir o ritmo de atuação do ano passado foi como devolver a
sensação de que não se é mais nada nessa vida além de pobres infiéis.
É por essa razão que o jogo contra o Mirassol
foi um alento, um bálsamo para qualquer incrédulo. Jesualdo não será o
Sampaoli, e não deve ser. Quem espera protagonismo não copia trabalho do outro.
No entanto, o técnico português trata-se de uma
espécie de “exorcista” para os jogadores do Santos. Explico: o que ele quer não
é que os jogadores continuem com o jeito “santo” de jogar do ano passado, mas
que eles resgatem as suas origens, que eles se assumam e deem voz às suas
intuições.
Por isso tantos movimentos hiperativos quando a
equipe recuperava a bola em seus trinta minutos iniciais na Vila Belmiro diante
do Mirassol, por isso os toques curtos entre Sasha, Yuri Alberto e Soteldo e as
chegadas ao gol com o menor tempo possível.
Com o Jesualdo, o Santos ainda busca ser
protagonista, só que ao contrário do ano passado, a bola deve ser tratada como
a “besta-fera” que precisa ser imediatamente guardada.
Por fim, o que a torcida precisa aprender é que
Jesualdo Ferreira quer que seus jogadores sejam identificados como donos do
jogo, mas que, dessa vez, eles seguirão suas próprias naturezas. Quem sabe,
assim, não se auto apreciam?
por Alessandro Caldeira
por Alessandro Caldeira
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