Futebol do Pretérito
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Mario Kempes e Maradona
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Por:
Alessandro Caldeira
A
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ntes de
qualquer descrição sobre a partida entre Boca Juniors x River Plate, me permitam
a fazer algumas observações necessárias em relação ao jogo realizado em uma
manhã de sol e o momento mágico das duas equipes em 1981.
A
atmosfera para o supeerclassico era de um verdadeiro espetáculo que o
público estava ansiosamente esperando, também pudera: o confronto marcara o início
da era Maradona pelo Boca Juniors, seu primeiro ano com a camisa de seu time de
coração.
Há uma
curiosidade em relação à contratação de Diego Maradona no xeneizes, o camisa 10
quase se transferiu para, justamente, o maior rival. Porém, as quatro palavras
proferidas pelo “El Diez” mudaria todo o cenário “Quero jogar no Boca Juniors”.
Mesmo
com toda a dificuldade financeira que se agravou pelo Clube, essa situação iria
ser sanada pela contribuição que Maradona entregaria dentro de campo.
Por
outro lado, o River Plate responderia com outra contratação de peso: Mario
Kempes. O jogador chegou de empréstimo (assim como Maradona, inclusive) do
Valência onde estava se destacando pelo seu enorme talento como um finalizador
nato: 95 gols em 142 jogos pela La Liga e, de quebra, se tornaria artilheiro e
campeão da Recopa Europeia.
Um
cenário ideal para estabelecer-se uma rivalidade em tempos de “justa” na era
Medieval em que a grande conquista, nesse caso, como prêmio, seria a bola.
No
entanto, apesar das duas estrelas terem sido, de fato, os principais
protagonistas, haviam enormes talentos ao lado deles que não eram nada
coadjuvantes.
Por
exemplo, pelo lado do Boca havia Benítez, possuidor de uma capacidade física
para marcar e dar arrancadas, Gareca, um jogador inteligente e Perutti, com uma
privilegiada mobilidade para mudar de direção rapidamente com seus dribles. O
River, por sua vez, contava com o ótimo zagueiro Passarella, o experiente
Gallego e o armador da equipe e inteligente Beto Alonso.
Diante
desse cenário, não é difícil imaginar o quanto o campo foi um palco para
gladiadores cheio de talentos e com a típica rebeldia do futebol argentino.
E o Boca
fez valer dessa atmosfera, com a torcida a seu favor e se impôs diante das
tentativas de saída de jogada pelo chão do seu arquirrival. A marcação pressão
no portador da bola imposta pelos xeneizes vinha sendo eficaz.
Destaque
para Benitez, o camisa 8 que dominava o meio campo com sua qualidade na
marcação, bons lançamentos e condução de bola em velocidade com muita atenção e
facilidade.
Se a marcação era bem executada, cabia a
Maradona dar dinâmica à equipe e, se me permitem um adendo: com Maradona todas
as jogadas se transformavam, se não fosse na falta, o craque argentino ficava
imparável.
Além
disso, havia Gareca para ajudá-lo. Sempre com boas movimentações, o camisa 9 se
aproximava de Maradona para trocar passes em meio à defesa dos Millonarios.
Porém,
foi Maradona, com toda a liberdade pelo campo, que abriu o placar do superclassico
com uma excelente visão de jogo. Toque de improvisação para surpreender o
goleiro Fillol que esperava um cruzamento para a área, mas “El Diez” aproveitou
o espaço deixado no gol e emendou. Um espetáculo.
Mas do
outro lado havia Kempes, que também tinha uma ajuda, a combinação perfeita com
o camisa 10, Beto Alonso. As suas dobradinhas proporcionaram lances
particulares como se houvesse apenas os dois em campo.
Com
isso, River foi se tornando “indetectável” dentro de campo, o gol mexeu com o
brio dos jogadores, proporcionando um recital de jogadas. A mobilidade era tão
grande que, a defesa do Boca admirável no começo do jogo começou a ficar
desnorteada.
Cada
jogador se movia para cada setor do campo. Beto Alonso saía da ala esquerda,
vinha até o centro com Galleego, Comisso, na ala esquerda, porém, facilmente se
dirigia para o meio campo.
Nesse
momento o River estava proporcionando uma partida bastante calma, com pausas e
os riscos que assumiram durante o jogo foram em campo rival.
Beto Alonso: chapéu e passe para Kempes sofrer o penalti e Passarella converter fazendo 2 - 1
O
comentarista havia dito que Gatti, goleiro do Boca Juniors, executava boas
intervenções e, por conta disso, salvava a sua equipe a cada chegada dos
rivais, a mais pura verdade. Porém, Kempes estava sempre agredindo os espaços
entre a defesa e parecia que Mario Kempes seria o destino cruel e inescapável
na vida do goleiro.
Com a
combinação citada acima entre Alonso e Kempes, O River Plate mandava e
desmandava no jogo. Todas as vezes que os dois se encontravam era um show de
troca de passes.
A defesa
do Boca Junior parecia um amontoado de jogadores sem destino, sem esperança e
diminutos frente aos homens de branco e vermelho que já não temiam o seu
futuro.
O terceiro gol do River Plate: García, Beto Alonso e Bulleri
Ainda
assim, houve tempo para que o jogo desse a oportunidade a outra combinação
admirável: Gareca e Maradona. Na reta final da partida, Maradona recebeu e só
escorou de cabeça para Gareca fuzilar o gol de Fillol.
Enfim, a
partida acabou e o placar ficou no 3 – 2 para o Millonarios no superclassico.
Contudo, quando todos os jogadores saíram de campo, com certeza quem resolveu a
dar uma última olhada no gramado responsável por aquele jogo épico, como um
“até logo”, ainda pôde ver a exibição de Beto Alonso e Kempes.
O
superclassico
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