Ochoa, amigo de Camus



Alessandro Caldeira

Há cinco Copas que detemos essa certeza imediata: Ochoa será o melhor goleiro. Não importa o que aconteça com a sua seleção mexicana, será o único goleiro a punir os goleadores adversários. Acostumado a presenciar os pecados cometidos pelos seus companheiros, Ochoa se sente o melhor dos homens quando veste verde.

Ao contrário do que dizem, a grama onde ele pisa cresce rapidamente porque debaixo das traves mexicanas é obrigado a levitar para salvar o seu país de um vexame.

Quem vê Guillermo Ochoa sendo bombardeado pelos atacantes rivais, quando joga pela sua seleção, acredita que realmente o goleiro é uma posição ingrata no futebol. O atacante pode brilhar sem ter feito nada e receber o prêmio de melhor jogador só por entrar em campo, mas o goleiro só recebe os créditos quando o jogo termina com o placar no zero, o resultado mais odiado pela torcida.

Mas o que quero dizer é o seguinte: Ochoa sente prazer em receber tiros por todos os lados e brincar de herói desviando a bala. O goleiro é a posição mais solitária? O nosso personagem provavelmente é quem sabe lidar melhor com a solidão. Camus apertaria a sua mão a suplicar: me explica o que é a solidão?

Lewandowski que bateu o pênalti contra o amigo de Camus sabia que aquilo não seria um prêmio, mas um castigo. Como poderia, afinal, cobrar aquele pênalti com tranquilidade se o goleiro que estava à sua frente conhecia todos os caminhos da bola? Não havia como escapar do fracasso e Lewandowski se rendeu ao goleiro milagreiro.

Pela primeira vez, atacante e goleiro se entediam e o camisa 1 era adorado pela torcida mais do que qualquer outro goleador.









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